Condenada a 10 anos de prisão pelo STF, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) publicou um apelo nas redes sociais pedindo ajuda financeira a seus apoiadores. O objetivo é arrecadar via Pix recursos para pagar as multas impostas pela Justiça, que somam mais de R$ 2 milhões.
A postagem, feita nesta segunda-feira (19/5), acompanha um vídeo no qual Zambelli afirma enfrentar uma “batalha por todos nós”, embora as condenações sejam de natureza individual.
Multas, arma e hacker: os processos que envolvem Zambelli
O Supremo condenou a deputada por envolvimento em um ataque ao sistema do CNJ, usando hackers para manipular informações. Também pesa contra ela a condenação por porte ilegal de arma, quando correu armada atrás de um homem em plena rua, em 2022.
Zambelli afirma que não cometeu crimes e se diz vítima de perseguição política. A estratégia de se apresentar como mártir da direita voltou a dividir a opinião pública.
Reações nas redes sociais e questionamentos sobre ética política
O apelo gerou reações intensas. Enquanto seguidores bolsonaristas elogiaram a atitude, críticos apontaram abuso de influência e falta de responsabilidade ética. Especialistas em direito público também questionam o uso de um cargo eletivo para angariar fundos pessoais em processos judiciais.
“Ela tenta transformar uma condenação grave em um ato de mobilização política. Isso é perigoso para a democracia”, disse a cientista política Luciana Rezende, da Universidade de Brasília (UnB).
Arrecadação via Pix levanta debate sobre financiamento e impunidade
O pedido de doações via Pix também acendeu o debate sobre o financiamento de figuras públicas envolvidas em crimes, especialmente por meio de canais digitais. Juristas avaliam que, apesar de não haver ilegalidade no pedido em si, a ação afeta a imagem do Parlamento e naturaliza práticas incompatíveis com o exercício do mandato parlamentar.
Perguntas e respostas:
Com a condenação, a defesa da deputada pode recorrer dentro dos prazos legais. Paralelamente, o STF ainda pode deliberar sobre a execução antecipada da pena, incluindo prisão e bloqueio de bens. Zambelli permanece no cargo, mas sua situação jurídica é considerada grave e de alto risco político.
A reação foi dividida. Seguidores e apoiadores de Zambelli expressaram solidariedade e disseram que vão contribuir. Por outro lado, críticos acusaram a deputada de vitimização e oportunismo, argumentando que a prática expõe a crise ética no Congresso.
Sim, não há impedimento legal para que parlamentares peçam doações voluntárias. No entanto, especialistas apontam que esse tipo de prática pode comprometer a imagem do cargo público, especialmente quando associada a condenações criminais.