A comercialização de máquinas agrícolas no Brasil registrou um dos piores desempenhos recentes em 2024. Com apenas 48,9 mil unidades vendidas no atacado, o número representa uma queda de 20% em relação ao ano anterior, de acordo com dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O cenário, marcado pela desaceleração, preocupa o setor e aponta para desafios que vão além dos números.
Venda de máquinas agrícolas desaba 20% e setor enfrenta dilema para 2025 pic.twitter.com/RgR4SxsQ9F
— perrenguematogrosso (@perrenguemt) January 23, 2025
Um setor que já foi símbolo de crescimento
Até 2022, o mercado de máquinas agrícolas parecia imbatível, alcançando um recorde de mais de 70 mil unidades vendidas, impulsionado por um agronegócio em expansão, mesmo em meio à pandemia. Porém, a realidade mudou. Segundo a Anfavea, fatores como a queda na safra de grãos e a redução dos preços das commodities pelo segundo ano consecutivo impactaram diretamente a demanda.
Além disso, o menor atrativo das linhas de financiamento oferecidas ao produtor rural também contribuiu para o declínio nas vendas. Isso reflete uma mudança significativa no comportamento do setor, que antes via no crédito uma ponte segura para a renovação de equipamentos.
Colheitadeiras no centro da crise
O segmento de colheitadeiras foi o mais afetado dentro do setor de máquinas agrícolas. A alta complexidade e o custo elevado desses equipamentos, que podem superar R$ 1 milhão, tornaram a compra menos viável para muitos produtores em um ano de margens apertadas. Isso pode explicar parte da retração nas vendas gerais, já que as colheitadeiras representaram um dos pilares do crescimento histórico do setor.
A substituição de máquinas mais antigas por modelos novos tem sido deixada de lado, enquanto muitos agricultores recorrem à manutenção de equipamentos já existentes. Esse cenário não apenas reflete o contexto econômico atual, mas também aponta para a necessidade de alternativas mais íveis e inovadoras que sustentem o mercado nos próximos anos.
Perspectivas para 2025
Para 2025, as expectativas permanecem cautelosas. A Anfavea indica que, sem mudanças significativas na economia ou no mercado agrícola, o patamar de vendas deve se manter semelhante ao de 2024. A entidade destaca que uma retomada dependerá de fatores externos, como a recuperação dos preços das commodities e políticas mais robustas de incentivo à produção.
Enquanto isso, especialistas sugerem que o setor pode explorar novos caminhos, como o desenvolvimento de máquinas mais íveis e sustentáveis. Inovações tecnológicas, incluindo agricultura de precisão e maquinário elétrico, também aparecem como tendências que podem ganhar tração no médio prazo.
Perguntas frequentes
A redução da safra, a queda dos preços das commodities e a menor atratividade das linhas de financiamento reduziram significativamente as vendas no Brasil.
As colheitadeiras registraram a maior queda porque são máquinas caras e demandam altos investimentos, algo inviável para muitos agricultores em cidades agrícolas como São Paulo e regiões do interior em um ano tão desafiador.
Ainda não há sinais claros de recuperação para 2025. Especialistas indicam que, sem mudanças econômicas relevantes, o mercado agrícola deve permanecer no mesmo nível de 2024.