Dezenas de pessoas formam filas em diferentes pontos de São Paulo para vender uma imagem da própria íris. A Tools for Humanity, responsável pela coleta, oferece cerca de R$ 300 a R$ 700 em Worldcoin, uma criptomoeda da empresa. Apesar da compensação financeira, o projeto, criado por Sam Altman, cofundador da OpenAI, tem gerado polêmica devido às questões relacionadas à privacidade e ao uso de dados sensíveis.
Venda de íris em São Paulo levanta debates sobre privacidade e novos patamares da inteligência artificial
— perrenguematogrosso (@perrenguemt) January 15, 2025
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O que é a Worldcoin?
A Worldcoin, istrada pela Tools for Humanity, busca criar uma identidade digital baseada na leitura da íris. Com o auxílio de uma câmera 3D chamada “OrB”, o projeto escaneia não apenas a íris, mas também o rosto e até a temperatura corporal dos usuários. A ideia principal, segundo a empresa, é diferenciar humanos de robôs, algo que, no futuro, será essencial para evitar fraudes e perfis falsos em redes sociais e outras plataformas online.
Rodrigo Tozzi, chefe de operações da empresa no Brasil, destacou que a tecnologia pode ser usada em redes sociais para garantir que apenas humanos participem. “Este é um serviço que pode ser vendido pelo protocolo. Dessa forma, as plataformas garantem que apenas humanos, e não robôs, postem conteúdos ou façam comentários.”
Privacidade em xeque
Apesar das promessas de inovação, especialistas em proteção de dados, como a advogada Renata Yumi Idie, alertam para riscos. Segundo ela, o consentimento para o uso de dados sensíveis precisa ser livre, expresso e informado, sem incentivos financeiros que possam influenciar a decisão.
Miguel Lannes Fernandes, especialista em tecnologias emergentes, também ressalta os perigos associados à coleta de dados biométricos. “Esses dados são íveis de vazamento, e o potencial de prejuízo é imenso. É um controle social, além de ser um risco à privacidade.”
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) instaurou um processo de fiscalização para avaliar a conformidade do projeto com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Enquanto isso, as discussões sobre a segurança dos dados coletados continuam a ganhar força.
A experiência dos participantes
Na zona sul de São Paulo, a porteira Kátia Alves aderiu ao projeto. “Achei legal esse negócio de diferenciar pessoas de robô, porque eles explicaram que pelo olho vai ser o único jeito. Também gostei do dinheiro, é um valor legal.”
Por outro lado, críticas à falta de transparência sobre o uso de informações coletadas persistem. Embora a empresa afirme que as imagens da íris são transformadas em códigos anônimos e deletadas, especialistas apontam lacunas sobre o tratamento de outros dados captados pela “OrB”.
Um fenômeno global
O projeto, que já opera em países como Estados Unidos, México e Alemanha, tem mais de 10 milhões de participantes no mundo. No Brasil, mais de 150 mil pessoas aderiram desde o início das operações, em novembro de 2024. O alcance global da Worldcoin demonstra o interesse crescente em tecnologias que diferenciam humanos de máquinas, mas também reforça os desafios regulatórios e éticos que acompanham essa inovação.
O projeto levanta debates sobre privacidade, já que coleta dados sensíveis, como a íris, com pouca clareza sobre o tratamento dessas informações.
Os dados podem ser vazados ou usados de forma indevida, o que aumenta o potencial de prejuízos para os titulares das informações.
A Worldcoin busca criar uma identidade digital capaz de diferenciar humanos de robôs, o que pode ser útil para evitar fraudes em redes sociais e plataformas digitais.