Uso de jatinho e filiação em massa acirram disputa pelo comando do PT

Uso de jatinho e filiação em massa acirram disputa pelo comando do PT

A corrida pelo comando nacional do Partido dos Trabalhadores entrou em estado de alerta. Com cinco pré-candidatos disputando o cargo mais alto da legenda e quase três milhões de filiados habilitados a votar, a eleição escancarou divisões profundas, estratégias controversas e disputas internas que prometem desdobramentos além do esperado.

Com apoio de Lula, Edinho avança mas jatinhos geram ruído

Desde o início da pré-campanha, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro de Dilma Rousseff, despontou como favorito. Isso porque Lula manifestou apoio explícito a ele, o que fortaleceu sua posição na disputa. No entanto, uma viagem recente de Edinho em jato particular causou barulho. O avião pertencia a Carlos Augustin, conhecido como “Teti”, assessor do Ministério da Agricultura. Ele emprestou a aeronave para deslocamentos entre Palmas e Cuiabá. Como resultado, o episódio gerou desconforto na militância e reacendeu o debate sobre o uso de recursos privados em disputas internas. Além disso, adversários internos aproveitaram o fato para questionar a coerência do discurso ético do partido.

Corrente majoritária se fragmenta e cria espaço para disputas paralelas

Por outro lado, a candidatura de Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ), acentuou o racha dentro da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Embora faça parte da mesma ala de Edinho, Quaquá rompeu com a direção nacional e lançou sua própria candidatura. Assim, ele conseguiu atrair o apoio de nomes influentes, como Gleisi Hoffmann, Jilmar Tatto e Humberto Costa. Essa movimentação criou um campo de tensão entre dois projetos distintos: um mais centralizador e outro que defende maior autonomia das instâncias estaduais e municipais. Em outras palavras, o PT agora vive um embate entre continuidade e mudança de rumos na condução interna do partido.

Filiações em massa no RJ provocam suspeitas e tensionam a disputa

Além disso, outro fator elevou a temperatura da disputa: o expressivo crescimento no número de filiações ao PT no Rio de Janeiro. Em março, o partido nacional registrou mais de 340 mil novos filiados — boa parte concentrada em Maricá, base eleitoral de Quaquá. Essa movimentação despertou suspeitas entre apoiadores de Edinho, que veem nas filiações em massa uma tentativa de manipular o resultado da eleição interna. Ainda que Quaquá controle politicamente o município, vale lembrar que Lula perdeu em Maricá para Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022. Portanto, muitos questionam se o prefeito possui, de fato, capital político suficiente para representar a maioria dos petistas.

Perguntas frequentes

O uso de jatinho fere as regras internas do PT?

Não necessariamente. Contudo, o uso de recursos privados sem transparência pode comprometer a credibilidade da candidatura.

O partido pode cancelar as filiações suspeitas?

Sim. Desde que comprove irregularidades, a Comissão de Ética tem autonomia para anular os cadastros.

Essa divisão ameaça a liderança de Lula dentro do PT?

Por enquanto, não. No entanto, ela fragiliza a unidade do partido e pode gerar instabilidade em votações estratégicas.

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