Durante uma entrevista exibida neste domingo (4), o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não pretende demitir Jerome Powell da presidência do Federal Reserve (Fed) antes do fim do mandato atual, que termina em maio de 2026. A declaração foi feita ao programa “Meet the Press”, da NBC News, após semanas de especulação sobre uma possível intervenção no comando do banco central americano.
Embora tenha itido publicamente a insatisfação com Powell, Trump recuou da ideia inicial de retirá-lo do cargo. Ele explicou que, como o mandato se encerra em breve, ele poderá indicar um novo nome no momento apropriado. “Terei a oportunidade de substituir essa pessoa em um curto período de tempo”, afirmou.
Apesar do recuo, Trump insiste em corte de juros
Mesmo afirmando que não pretende afastar Powell, Trump manteve sua pressão pela redução imediata das taxas de juros. De acordo com o ex-presidente, Powell age de maneira “totalmente rígida” e, por isso, deveria agir com mais flexibilidade diante da situação econômica atual. Além disso, Trump sugeriu que o presidente do Fed evita cortar os juros por motivos pessoais: “Ele prefere não reduzir porque não é meu fã. Sabe, ele simplesmente não gosta de mim.”
Atualmente, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) mantém a taxa básica entre 4,25% e 4,5% ao ano. Trump defende que, caso o Fed reduza essas taxas, a economia norte-americana poderá reagir de forma mais rápida, mesmo diante de riscos de recessão no curto prazo.
Nomeações ao Fed seguem regras rígidas e prazos fixos
Para quem acompanha a política monetária dos Estados Unidos, vale lembrar que o presidente do Fed não pode ser removido sem justa causa. Embora o presidente da República indique o nome, o Senado precisa aprovar a nomeação. Por isso, qualquer tentativa de demissão arbitrária enfrentaria não apenas resistência política, mas também uma batalha jurídica. Inclusive, a Suprema Corte dos EUA ainda analisa um caso relacionado a esse tema, baseado em um precedente da década de 1930.
Assim, mesmo que Trump insistisse em retirar Powell do cargo, especialistas apontam que o embate acabaria nas mãos da Suprema Corte, o que poderia gerar mais instabilidade para os mercados e para a própria imagem institucional do país.
Mercado financeiro reage com sensibilidade às falas de Trump
Anteriormente, quando Trump levantou a possibilidade de demissão de Powell, as bolsas de valores reagiram de forma negativa. Logo após as declarações iniciais, Wall Street registrou quedas expressivas, refletindo a preocupação dos investidores com a interferência política na política monetária. No entanto, à medida que Trump recuou e adotou um tom mais brando, os principais índices voltaram a subir.
Consequentemente, analistas interpretaram esse recuo como uma tentativa de Trump de preservar alguma previsibilidade econômica em um ano eleitoral. Embora ele continue criticando Powell, a suavização do discurso reduziu a tensão e devolveu certo otimismo aos mercados.
Trump sugere terceiro mandato, mas recua logo depois
Outro ponto controverso da entrevista foi a menção a um possível terceiro mandato. Embora a Constituição dos Estados Unidos proíba essa possibilidade, Trump afirmou que muitas pessoas têm sugerido a ideia. Ele declarou: “Nunca recebi pedidos tão fortes quanto esse. Mas, até onde sei, não é permitido.”
Ainda assim, Trump deixou claro que prefere focar nos próximos quatro anos e, idealmente, entregar o comando a um “grande republicano”. Com isso, ele tentou sinalizar continuidade ideológica, ao mesmo tempo em que reforçou a expectativa de uma istração forte e simbólica.
Perguntas frequentes
A legislação norte-americana exige uma justa causa para a demissão do presidente do Fed, o que protege a autonomia do órgão.
Investidores reagem com sensibilidade a possíveis interferências políticas, o que gera instabilidade e oscilações nos índices das bolsas.
Não. A Constituição dos EUA proíbe mais de dois mandatos presidenciais, embora Trump mencione essa hipótese para manter apoio político.
