As relações comerciais entre os Estados Unidos e o Brics entraram em um novo estágio de tensão nesta quinta-feira (30). O presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de até 100% sobre produtos dos países membros do bloco. Essa ameaça surgiu em resposta à possível criação de uma moeda alternativa ao dólar, uma proposta que tem ganhado força entre as economias emergentes.
Trump aumenta pressão sobre o bloco econômico
Trump, utilizando a plataforma Truth Social, enviou um aviso enfático aos líderes do Brics. “Não há chance de que os Brics substituam o dólar americano no comércio internacional ou em qualquer outro lugar. E qualquer país que tente, deve dizer ‘olá às tarifas e adeus à América’”, declarou o presidente, sugerindo uma postura inflexível quanto à preservação da hegemonia do dólar. Ainda mais preocupante para os países do bloco, Trump afirmou que as sanções entrarão em vigor caso não haja compromisso por parte dos membros em desistir de qualquer nova moeda.
O contexto por trás da proposta do Brics
A ideia de criar uma moeda própria ganhou relevância durante uma cúpula realizada em Kazan, na Rússia, em outubro de 2024. Durante o encontro, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) argumentou que o bloco precisa reduzir sua dependência do dólar em negociações comerciais. No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, foi mais cauteloso. Ele indicou que, embora a proposta seja importante, ainda faltam elementos técnicos e consenso político para sua implantação.
Trump amplia ofensiva comercial
As ameaças contra o Brics não surgem isoladamente. Apenas um dia antes, Trump anunciou que, a partir deste sábado (1º), os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 25% sobre importações provenientes do Canadá e do México. Dessa forma, a medida amplia a estratégia de retaliação comercial adotada pelo presidente norte-americano. Com essas ações, Trump busca proteger a economia dos EUA e fortalecer o dólar como referência global, especialmente em um cenário de crescente concorrência de blocos econômicos emergentes.
Lula sinaliza retaliação caso tarifas afetem o Brasil
Durante uma entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, Lula reagiu às ameaças de Trump e prometeu reciprocidade. O presidente brasileiro garantiu que o governo não permitirá que o país seja prejudicado. “Nós não ficaremos de braços cruzados. Se houver taxação, responderemos à altura”, declarou. Assim, Lula destacou que o Brasil também possui meios de proteção comercial que podem ser acionados rapidamente.
Conflito comercial pode afetar exportações
Analistas comerciais apontam que o conflito poderá impactar diretamente setores estratégicos, como o agronegócio e as commodities. Com isso, tanto o Brasil quanto outros membros do Brics poderão enfrentar dificuldades para manter o fluxo de exportações para os Estados Unidos. Dessa forma, torna-se crucial que as negociações entre o bloco e o governo norte-americano avancem nas próximas semanas. Por fim, o cenário evidencia o quanto as economias emergentes continuam buscando alternativas para reduzir sua vulnerabilidade às oscilações do dólar, enquanto os EUA tentam proteger sua posição dominante no sistema financeiro global.
Perguntas frequentes
As tensões cresceram porque o bloco Brics, formado por países como Brasil, Rússia, Índia e China, discute a criação de uma moeda própria para substituir o dólar nas transações comerciais. Donald Trump, presidente dos EUA, considera essa iniciativa uma ameaça direta à hegemonia econômica americana. Em resposta, ele ameaçou impor tarifas de até 100% sobre produtos desses países caso a ideia avance.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que o Brics precisa de uma alternativa ao dólar para diminuir a dependência econômica de uma única moeda em transações internacionais. Ele argumenta que, ao negociar diretamente em uma moeda comum, os países do bloco poderiam proteger suas economias contra flutuações cambiais e crises financeiras externas.
Caso Donald Trump imponha tarifas de até 100% sobre produtos do Brics, o Brasil poderá sofrer grandes impactos em suas exportações, especialmente no agronegócio e em commodities. Lula já prometeu agir com reciprocidade, aplicando medidas retaliatórias contra produtos americanos.
