Tarcísio anuncia R$ 544 mi de bônus após professores marcarem greve

Tarcísio anuncia R$ 544 mi de bônus após professores marcarem greve

Apesar do anúncio de um bônus recorde de R$ 544 milhões, feito pela Secretaria da Educação de São Paulo, os professores da rede estadual decidiram manter a greve marcada para o dia 25 de abril. O pagamento, que supostamente premiaria o desempenho no Saresp 2024, não convenceu a categoria. O contraste entre o valor anunciado e a insatisfação crescente expõe um problema mais estrutural do que pontual.

Mesmo com valor inédito, maioria das escolas fica de fora

Primeiramente, é importante destacar que o governo estadual vai pagar um bônus médio de R$ 3.415 para cerca de 159 mil profissionais da educação. Isso representa um salto de 161% em relação ao valor do ano anterior. No entanto, quando se observa os critérios de distribuição, percebe-se que apenas 1.523 escolas — de um total de aproximadamente 5 mil — alcançaram as metas exigidas para os maiores valores, classificadas como “ouro” ou “diamante”.

Consequentemente, a maioria dos profissionais receberá quantias menores ou até mesmo nada. Essa exclusão, portanto, gerou frustração entre os servidores, principalmente aqueles que atuam em regiões mais vulneráveis e, por isso, enfrentam maiores dificuldades para atingir os índices cobrados.

Categoria aponta que bônus não resolve os verdadeiros problemas

Além disso, a proposta do bônus não atendeu às principais reivindicações dos docentes. Em assembleia realizada na Praça da República, os professores aprovaram a continuidade da greve. Eles exigem, entre outras pautas, um reajuste salarial de 6,27%, a reabertura de turmas extintas e a climatização das salas de aula.

Segundo os representantes do movimento, o bônus funciona como um “agrado temporário”, mas não substitui uma política de valorização real da carreira docente. Ou seja, trata-se de um alívio momentâneo que não resolve questões como salários defasados, infraestrutura precária e sobrecarga de trabalho.

Política de mérito amplia desigualdades, dizem especialistas

Por outro lado, especialistas em educação alertam que o modelo de bonificação por desempenho, além de ineficaz, aprofunda as desigualdades já existentes no sistema público de ensino. Isso porque ele favorece escolas situadas em regiões com melhor infraestrutura social e econômica, enquanto pune aquelas que lidam com realidades mais desafiadoras.

Dessa forma, ao invés de impulsionar melhorias, a política reforça disparidades históricas. Para muitos estudiosos, o investimento deveria se concentrar em ações de longo prazo, como formação contínua dos professores, planos de carreira consistentes e melhoria das condições físicas das escolas.

Perguntas frequentes

Se o bônus é tão alto, por que tantos professores rejeitam?

Porque ele não resolve problemas estruturais e é distribuído de forma desigual.

Todos os profissionais da educação receberão o bônus?

Não. Apenas os que atuam em escolas com bom desempenho no Saresp terão o aos maiores valores.

A greve pode afetar o calendário letivo?

Sim. Se o ime continuar, há risco de impacto direto no funcionamento das aulas.

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