Portugal retorna às urnas neste domingo (18), pela terceira vez em apenas três anos, para definir os rumos de seu Parlamento. Dessa vez, o contexto é ainda mais delicado: escândalos de corrupção, crescimento da extrema direita e debates intensos sobre imigração moldam o cenário eleitoral. Por isso, o desfecho permanece imprevisível e carrega implicações profundas para a estabilidade política do país.
Embora liderem, partidos tradicionais enfrentam ime para formar governo
De acordo com as últimas pesquisas, a coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD), liderada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, aparece com 31,3% das intenções de voto. Em seguida, o Partido Socialista (PS), comandado por Pedro Nuno Santos, registra 26,7%. O Chega, partido de ultradireita fundado em 2019, mantém seus 18%, praticamente o mesmo desempenho do último pleito. Assim, mesmo com vantagem, nenhum grupo político garante maioria parlamentar, o que deve obrigar negociações após a apuração. Montenegro, por ora, rejeita qualquer aliança com o Chega, mas sinaliza possível aproximação com a Iniciativa Liberal, que soma 6% nas pesquisas.
Montenegro aposta em nova eleição para se fortalecer após crise
A decisão de antecipar as eleições surgiu após o Parlamento rejeitar uma moção de confiança apresentada pelo próprio Montenegro. O movimento, embora arriscado, visa restaurar sua legitimidade. Isso porque o primeiro-ministro enfrenta investigações envolvendo a empresa Spinumviva, que fundou antes de entrar para a política. Reportagens revelaram que a companhia recebeu pagamentos de empresas com as quais Montenegro mantinha vínculos anteriores, como a operadora de cassinos Solverde. Desse modo, surgiram suspeitas de conflito de interesses, hoje sob análise do Ministério Público.
Crise migratória domina o debate público e redefine agendas partidárias
Enquanto a economia e a saúde pública seguem em pauta, o tema da imigração ganhou força incomum na campanha. Dados oficiais mostram que Portugal abriga cerca de 1,5 milhão de imigrantes — aproximadamente 15% da população. Isso representa um salto de sete vezes em comparação com os últimos sete anos. Em razão disso, o partido Chega intensificou seu discurso anti-imigração, pressionando os partidos tradicionais a adotarem medidas mais duras. Ainda que não exista consenso sobre o impacto real dos imigrantes nos serviços públicos, a narrativa do “excesso migratório” dominou os debates.
Perguntas frequentes
Se não conseguir formar maioria com aliados moderados, Montenegro pode rever sua estratégia.
Caso o Ministério Público encontre provas concretas, o impacto pode ser devastador para sua carreira.
Sim, principalmente se o Chega ampliar sua influência no Parlamento.