A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Poço Sem Fundo e revelou um esquema de corrupção que desviou pelo menos R$ 22 milhões dos cofres públicos. A investigação apontou que servidores públicos da Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat) e empresários fraudaram contratos de perfuração de poços artesianos destinados a comunidades rurais entre 2020 e 2023.
A Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) liderou a operação com apoio da Controladoria Geral do Estado (CGE) e do Judiciário. O grupo criminoso atuou dentro da Metamat e usou contratos públicos para simular obras que muitas vezes nunca ocorreram ou apresentaram graves irregularidades.
Polícia cumpre mais de 200 ordens judiciais
Os agentes da Polícia Civil cumpriram 226 ordens judiciais nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande e Tangará da Serra. A ação alvo 24 pessoas físicas — sendo 16 servidores públicos ou ex-servidores — e 6 empresas do setor de perfuração. Os investigadores também alcançaram 49 imóveis, 79 bens móveis e bloquearam valores nas contas bancárias dos envolvidos.
A Justiça determinou:
- Busca e apreensão em endereços ligados ao esquema;
- Bloqueio de bens e sequestro de imóveis;
- Afastamento de servidores públicos da Metamat;
- Proibição de novos contratos públicos com as empresas investigadas;
- Recolhimento de aportes dos suspeitos;
- Impediu o contato entre os envolvidos e o o às instalações da Metamat e da Sedec.
Auditoria revela obras inexistentes e poços secos
A CGE realizou auditorias técnicas nos contratos e confirmou diversas fraudes. Empresas alegaram construir poços em locais onde eles não existem ou executaram obras com graves falhas, como a falta de reservatórios. Em muitos casos, os próprios moradores improvisaram o o à água.
Os auditores encontraram poços em locais particulares, como garimpos, granjas, fazendas e áreas urbanas — longe das comunidades que deveriam receber o serviço. A Controladoria também registrou pagamentos por poços secos ou improdutivos, além de identificar falhas na fiscalização por parte da Metamat.
A equipe da Deccor destacou que o grupo criminoso atuava de forma estruturada, com divisão de tarefas entre servidores e empresários, sempre com o objetivo de desviar recursos públicos por meio de contratos simulados ou mal executados.
Estado suspende pagamentos e colabora com investigação
O Governo do Estado de Mato Grosso suspendeu todos os pagamentos às empresas investigadas e colaborou com as investigações desde o início. O Executivo também anunciou que não permitirá novas nomeações dos investigados para cargos públicos.
Segundo o delegado responsável pela operação, o grupo aproveitou-se da necessidade de abastecimento de água em áreas carentes para enriquecer de forma ilícita. “Eles usaram a escassez como oportunidade para o crime”, afirmou o investigador.
Perguntas frequentes
Servidores públicos e empresários fraudaram contratos de poços artesianos.
É uma ação da Polícia Civil que investiga desvio milionário em obras públicas de abastecimento de água.
Em fazendas, garimpos, áreas urbanas e até granjas — longe das comunidades rurais previstas.