Movimentos sociais, sindicatos e entidades estudantis lançaram nesta semana o Plebiscito Popular 2025, uma consulta nacional que promete colocar em pauta três temas explosivos: o fim da escala 6×1, a redução da jornada de trabalho sem cortes salariais e a taxação de grandes fortunas. O evento, realizado na Faculdade de Direito da USP, marca o início de uma campanha que deve percorrer todo o país nos próximos meses. Mas será que essa iniciativa pode realmente pressionar o Congresso?
Os três pilares da revolta popular
O plebiscito questionará a população sobre mudanças radicais no mercado de trabalho e no sistema tributário. A proposta mais polêmica é a taxação de quem ganha acima de R$ 50 mil mensais, com isenção para salários de até R$ 5 mil. Para sindicalistas, essa é a única forma de reduzir a desigualdade. Já empresários alertam para possíveis impactos na economia. Enquanto isso, a escala 6×1, comum em shoppings e redes de varejo, é apontada como uma das principais causas de esgotamento físico e mental entre trabalhadores.

O poder (ou a limitação) das urnas populares
Apesar do simbolismo, o plebiscito não tem valor legal — seu objetivo é pressionar o Legislativo. Histórico semelhante mostra que consultas anteriores, como a da dívida pública em 2000, mobilizaram milhões, mas não viraram lei. Desta vez, porém, os organizadores prometem uma campanha agressiva, com ações em ruas, universidades e locais de trabalho. “É uma batalha de ideias”, disse Igor Felipe, do MST. Mas será que o Congresso, dominado por centrões e bancadas corporativas, vai ouvir o resultado?
A jornada exaustiva: um problema nacional
Relatos como o de Vi Alcântara, do Levante Popular da Juventude, ilustram o drama de quem vive sob a escala 6×1. “Minha mãe quase não tinha tempo para a família”, contou. Dados do IBGE revelam que 30% dos trabalhadores brasileiros não têm sequer um dia de descanso garantido. Para Eduardo Suplicy (PT-SP), a redução da jornada é essencial para uma sociedade mais justa. Mas especialistas alertam: sem compensação financeira, muitas empresas podem demitir em massa.
Perguntas que não querem calar
1. O plebiscito pode virar lei?
Não diretamente, mas uma grande adesão pode forçar o Congresso a votar projetos sobre os temas.
2. Quem paga a conta da redução da jornada?
Se a proposta for aprovada, o governo precisará compensar empresas com incentivos ou aceitar risco de demissões.
3. A taxação de ricos é viável?
Tributar grandes fortunas exigiria mudança constitucional — algo difícil sem apoio de partidos influentes.
O Plebiscito Popular 2025 coloca o dedo na ferida de um país desigual. Resta saber se a mobilização social será capaz de transformar indignação em mudança concreta — ou se tudo terminará em mais uma frustração histórica.