Em Juazeiro do Norte (CE), o velório de Everton Batista Alves da Silva, de apenas 18 anos, chamou atenção por um motivo inusitado. Durante a despedida, amigos do jovem realizaram a manobra conhecida como “dar grau” ao redor do caixão, em frente à igreja onde o corpo foi velado. Enquanto isso, dezenas de pessoas acompanhavam a cena emocionadas. Em seguida, um cortejo de motos seguiu até o cemitério. A homenagem, embora comovente para os presentes, gerou polêmica nas redes sociais.
Apesar da emoção, manobra é considerada crime de trânsito
Embora muitos vejam o gesto como um tributo fiel à memória de Everton — conhecido como “Vertin” nas redes sociais —, é importante lembrar que a prática de empinar motos em via pública é ilegal. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, a manobra representa infração gravíssima, com previsão de multa, suspensão da CNH e apreensão do veículo. Ou seja, mesmo quando feita em tom de homenagem, ela desafia diretamente a legislação vigente.
Cultura das motos cresce, mas levanta preocupações
Por outro lado, o episódio reacende discussões sobre o papel da cultura das motos na vida de muitos jovens brasileiros. Para milhares de seguidores, Everton era mais do que um piloto: ele era símbolo de resistência, liberdade e estilo de vida. Portanto, “dar grau” vai além da exibição; trata-se de uma forma de pertencimento e afirmação. Ainda assim, especialistas em segurança alertam: a prática, quando realizada sem controle, coloca vidas em risco e contribui para as estatísticas de acidentes fatais — que, aliás, têm aumentado entre jovens motociclistas.
Enquanto isso, cresce o debate sobre alternativas legais
Diante desses fatos, cresce o apelo por políticas públicas que ofereçam espaços adequados para a prática esportiva sobre duas rodas. Assim como o skate e o BMX conquistaram legitimidade e estrutura, muitos defendem que o wheeling (nome internacional da modalidade) também possa seguir esse caminho. No entanto, para que isso aconteça, será preciso diálogo entre governo, praticantes e sociedade — além de uma mudança de mentalidade coletiva sobre o que é, de fato, cultura e o que é risco.
Perguntas frequentes
Sim. Desde que haja regulamentação, espaços apropriados e incentivo ao esporte de base.
Sim. A adesão à prática muitas vezes reflete exclusão social e ausência de oportunidades.
Com certeza. A busca por curtidas e visualizações estimula ações cada vez mais perigosas.