A Polícia Civil de Pernambuco deflagrou nesta quinta-feira (3) a operação “Pactum Amicis”, que investiga uma suposta organização criminosa envolvida em corrupção, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Entre os alvos está o prefeito de Pesqueira e líder Xukuru, Cacique Marcos Luidson de Araújo, além de vereadores indígenas. A ação reacende um debate sensível: trata-se de combate à corrupção ou de mais um capítulo na histórica criminalização do povo Xukuru do Ororubá?

A operação e seus alvos
A “Pactum Amicis” cumpriu mandados de busca e apreensão, prisão temporária, bloqueio de bens e suspensão de funções públicas. O Cacique Marcos, eleito prefeito em 2020, é acusado de integrar uma organização criminosa, mas suas lideranças afirmam que as acusações são politicamente motivadas. A operação ocorre em um contexto de tensão histórica entre o povo Xukuru e o Estado brasileiro, marcado por violência e disputas territoriais.
O histórico de violência contra os Xukuru
A comunidade Xukuru carrega décadas de lutas e perseguições. Em 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil por negligência na demarcação de suas terras e omissão diante da violência. Líderes como Everaldo Bispo (1992), o procurador da Funai Geraldo Rolim (1995) e o Cacique Xikão (1998) foram assassinados, enquanto outros, como Dona Zenilda e o próprio Cacique Marcos, sobreviveram a atentados. Para muitos indígenas, a operação atual é mais uma tentativa de criminalizar sua resistência.
A criminalização da luta indígena
Movimentos sociais e organizações de direitos humanos questionam o timing e o foco da operação.A comunidade vê o Cacique Marcos, primeira liderança Xukuru eleita prefeito, como um símbolo da resistência indígena.. Sua trajetória política, porém, despertou a oposição de grupos locais contrários à demarcação de terras. A suspeita é que a operação possa estar sendo instrumentalizada para enfraquecer a representação indígena no poder público, usando as instituições como ferramenta de perseguição.
Perguntas e Respostas
1. Quais são as acusações contra o Cacique Marcos?
A polícia o investiga por suposta participação em organização criminosa, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro, mas as lideranças indígenas afirmam que as acusações são infundadas.
2. Por que a operação é vista com desconfiança?
O povo Xukuru tem histórico de perseguição, e a ação ocorre em um contexto de disputas territoriais e políticas, levantando suspeitas de motivação política.
3. Qual foi a resposta da Corte Interamericana sobre o caso Xukuru?
Em 2018, o tribunal condenou o Brasil por violações de direitos humanos, incluindo a falta de proteção aos líderes indígenas e a demora na demarcação de terras.
Enquanto a Polícia Civil afirma que a operação segue critérios técnicos, as lideranças Xukuru veem nela mais um capítulo de uma luta secular. O desfecho desse embate pode definir não apenas o futuro do Cacique Marcos, mas também o da representação indígena na política brasileira. Será justiça ou perseguição? A resposta ainda está por vir.