Uma iniciativa global, chamada World, tem atraído centenas de pessoas diariamente em São Paulo. A proposta? Trocar a leitura de íris, uma característica única de cada indivíduo, assim como impressões digitais, por moedas digitais que podem render até R$ 600. O cenário é um misto de curiosidade, tecnologia e dúvidas, enquanto a Avenida Paulista se torna palco de discussões sobre privacidade, inovação e necessidade financeira.
O enigma da esfera que atrai filas por moedas virtuais no Brasil pic.twitter.com/96chdjIQSf
— perrenguematogrosso (@perrenguemt) January 23, 2025
Como funciona o processo?
Os participantes precisam agendar previamente e comparecer a um dos postos da World. Os atendentes conduzem os participantes a uma fila organizada e, em seguida, apresentam um vídeo introdutório sobre a proposta. O objetivo principal, segundo o projeto, é comprovar que cada pessoa é um “ser humano único” e contribuir para uma internet mais segura. As comunicações oficiais mantêm o dinheiro em segundo plano, mesmo sendo o maior atrativo.
Uma esfera cromada chamada “orb” realiza a leitura da íris. Esse dispositivo futurista tem gerado fascínio e um certo temor. Os atendentes conseguem atender, em média, 72 pessoas por hora, mas a demanda frequentemente supera a capacidade. Locais como o Center 3, na Avenida Paulista, chegam a registrar mais de 500 interessados por dia.
O que está por trás dessa moeda digital?
Os responsáveis pela World evitam falar diretamente de dinheiro, mas o burburinho nos bairros de São Paulo tem outro tom. Muitos participantes afirmam que o atrativo maior é o potencial financeiro da moeda distribuída. Ainda assim, a proposta levanta questões éticas: qual o custo de entregar dados tão íntimos em troca de benefícios financeiros?
Segundo especialistas em privacidade digital, iniciativas como esta abrem precedentes preocupantes. A íris, assim como o DNA, oferece uma informação que ninguém pode substituir se for comprometida. Para alguns críticos, o projeto é uma forma de mineração de dados biométricos, algo extremamente valioso no atual cenário da inteligência artificial.
Quem está lucrando?
Apesar do pagamento, os atendentes da World recebem pouco mais que um salário mínimo, e, curiosamente, todos eles aram pelo processo de leitura da íris. Isso gera reflexões sobre a hierarquia econômica do projeto. Enquanto bilionários por trás da ideia apostam na popularidade da tecnologia, muitas pessoas em situação financeira delicada veem no programa uma oportunidade de renda extra.
Mas, até que ponto as pessoas conseguem manter essa relação equilibrada? De um lado, há promessas de segurança digital e de um futuro tecnológico avançado. Do outro lado, especialistas suspeitam que os dados coletados ultraem o controle dos usuários em seus possíveis usos.
Perguntas frequentes
Sim, em São Paulo, o processo físico de leitura da íris é seguro. No entanto, muitas pessoas levantam dúvidas importantes sobre como usarão os dados biométricos no futuro.
Não, o projeto em São Paulo limita cada pessoa a apenas uma verificação. Essa regra garante que cada participante seja único no sistema.
Não, quem opta por não fornecer a leitura da íris acaba ficando fora do programa e perde o direito aos benefícios financeiros oferecidos.