O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, negociado há mais de 20 anos, continua travado – e o agronegócio está no centro do ime. Durante visita à França, o presidente Lula reafirmou seu compromisso em fechar o tratado, mas enfrenta resistência de Emmanuel Macron, que defende proteções para os agricultores europeus.
Por que a França é o maior obstáculo?
Macron deixou claro que não aceitará um acordo que prejudique os produtores rurais ses. O presidente francês exige cláusulas de salvaguarda para evitar uma “invasão” de produtos agrícolas do Mercosul, como carne bovina, etanol e soja, mais baratos e competitivos. O lobby do agro francês é forte. Setores como pecuária e vinicultura temem perder mercado para o Brasil, Argentina e Paraguai. Enquanto isso, Lula argumenta que o acordo fortaleceria ambas as economias em um cenário global de protecionismo.

O que o Brasil quer (e o que pode perder)
O Mercosul busca maior o ao mercado europeu para produtos agrícolas, mas também quer reduzir tarifas para exportações industriais. A UE, por sua vez, exige compromissos ambientais e trabalhistas, além de regras sanitárias mais rígidas. Se o acordo sair, pode injetar bilhões na economia brasileira. Mas se fracassar, o Brasil pode perder espaço para concorrentes como Austrália e Canadá, que já fecharam parcerias com a Europa.
O prazo de Lula e o futuro do acordo
Lula assumirá a presidência temporária do Mercosul em julho e prometeu concluir as negociações neste período. Porém, com a resistência sa e as eleições europeias em 2024, as chances de um desfecho rápido são baixas. Especialistas acreditam que, sem concessões de ambos os lados, o tratado pode ficar para 2026 – ou até ser abandonado.
Perguntas e respostas
1. Por que o acordo ainda não saiu?
Por conflitos entre os interesses do agronegócio sul-americano e a proteção agrícola europeia, principalmente da França.
2. Quem ganharia mais com o acordo?
O Mercosul, que ampliaria exportações agrícolas, mas a UE também teria vantagens em setores industriais e serviços.
3. Há risco de o acordo ser cancelado?
Sim, se nenhum lado ceder. A UE já estuda parcerias alternativas com outros países.
Enquanto Lula e Macron travam essa batalha diplomática, o futuro de um dos maiores acordos comerciais do mundo segue incerto. O desfecho pode definir não só as relações entre os blocos, mas o rumo da economia global nos próximos anos.