Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, declarou vitória em uma eleição praticamente sem eleitores. O pleito simbólico, realizado neste domingo (25), não contou com a participação da oposição, foi ignorado pela maioria da população e usado pelo regime como ferramenta de propaganda interna e externa.

As imagens que circularam nas redes sociais mostraram o que a retórica oficial não conseguiu esconder: seções eleitorais vazias e eleitores ausentes. Segundo estimativas de observadores independentes, mais de 80% dos venezuelanos não votaram.
Oposição denuncia fraude e ameaça à democracia
A oposição boicotou o evento, chamando-o de “fraude montada” para legitimar o poder de Maduro. Líderes como María Corina Machado alertaram que o país segue sem garantias mínimas para eleições reais em 2024. “Não se trata de votar, mas de resistir à manipulação de um regime autoritário”, afirmou a dirigente.
ONGs e entidades internacionais denunciaram um ambiente de medo, com prisões políticas, censura e perseguições a ativistas nas semanas que antecederam o evento.
Maduro ignora o vazio das urnas
Mesmo com o país esvaziando as urnas, Maduro apareceu na televisão comemorando o que chamou de “demonstração de consciência popular”. No entanto, a tentativa de reforçar sua base esbarra na rejeição crescente dentro e fora da Venezuela. Internamente, cresce o desânimo. Externamente, aumenta o isolamento.
Especialistas classificam a votação como uma “encenação de legalidade”. Para o analista político Luis Vicente León, “o regime apenas cumpriu um roteiro ensaiado, ignorando completamente os sinais da população”.
Riscos regionais e reflexos no Brasil
A crise política se soma ao colapso econômico e humanitário vivido há anos. Desde 2013, mais de 7 milhões de venezuelanos deixaram o país — muitos deles cruzando a fronteira com o Brasil. Em estados como Roraima e Mato Grosso, o impacto do êxodo já se reflete em políticas públicas de saúde, habitação e segurança.
A comunidade internacional cobra garantias reais de eleições democráticas em 2024. Até lá, a Venezuela segue no limbo: com presidente, mas sem povo; com urnas, mas sem votos; com discurso, mas sem democracia.
Perguntas e respostas
Porque considera o processo fraudulento e sem garantias democráticas.
Não. A maioria se absteve e os locais de votação ficaram vazios.
Reforça o isolamento de Maduro e agrava a crise política e social no país.