Em um movimento cuidadosamente articulado, Marcos Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, simulou a própria morte para despistar a Polícia Federal. Segundo as investigações, o próprio PCC divulgou que teria executado Tuta após ele ordenar, sem autorização, a morte de um aliado. No entanto, como o corpo nunca foi encontrado, cresceu a suspeita de que a história servia apenas como cortina de fumaça. De fato, por quase quatro anos, a farsa funcionou — inclusive para o Ministério Público de São Paulo, que chegou a anunciar sua morte como certa.
Antes do crime, um ado diplomático inusitado
Curiosamente, antes de se tornar o principal líder do PCC, Tuta ocupou um cargo de confiança: foi adido comercial do Consulado de Moçambique, em Minas Gerais, entre 2018 e 2019. Essa função, normalmente associada a relações internacionais legítimas, pode ter servido como cobertura para ampliar sua atuação criminal. Além disso, a nomeação desperta questionamentos sobre os critérios adotados na diplomacia brasileira e as brechas utilizadas por organizações criminosas para infiltrar seus membros.
Prisão na Bolívia aciona Interpol e mobiliza governo brasileiro
Tuta foi capturado em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, no dia 16 de maio, enquanto tentava renovar seu registro de estrangeiro usando um documento brasileiro falso. Imediatamente após a prisão, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Este, por sua vez, comunicou o presidente Lula. Em paralelo, o Ministério das Relações Exteriores acionou a missão diplomática brasileira na Bolívia. Além disso, o escritório da Interpol em Brasília atuou diretamente na checagem dos dados, reforçando a cooperação internacional. Agora, resta aguardar a decisão das autoridades bolivianas, que podem optar pela extradição ou pela expulsão imediata do criminoso.
Perguntas frequentes
Ainda não se sabe se houve falhas no processo de nomeação ou influência externa.
Ao que tudo indica, foi uma estratégia da própria facção, com aval da cúpula.
Isso dependerá da decisão soberana do governo boliviano e dos trâmites legais.