Em um gesto político carregado de simbolismo internacional, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping emitiram um recado direto ao ex-presidente norte-americano Donald Trump nesta segunda-feira (13), durante reunião oficial em Pequim. Os líderes criticaram duramente o que chamaram de “hegemonismo” e “bullying econômico” promovidos pelos EUA, com ênfase nas tarifas comerciais unilaterais impostas durante a gestão Trump — que pode retornar ao poder ainda este ano.

Lula e Xi se apresentaram como defensores de uma ordem multipolar, na qual o comércio internacional seja regulado por consenso, e não pela força ou por ameaças unilaterais.
Cúpula sinaliza reconfiguração diplomática global
A reunião entre os dois líderes representa mais que uma aproximação bilateral. Ela sinaliza um movimento geopolítico de resistência à política de sanções e tarifas dos EUA. Lula ressaltou que o mundo “não pode mais ser chantageado com medidas arbitrárias” e reforçou o papel do Brasil como voz ativa em defesa do multilateralismo, especialmente no G20 e no BRICS.
Xi Jinping, por sua vez, chamou o Brasil de “parceiro estratégico” e destacou a necessidade de fortalecer redes de cooperação econômica que independam do dólar e da influência direta de Washington.
Alinhamento estratégico antecipa clima tenso no G20
Brasil e China divulgaram a declaração conjunta poucas semanas antes da cúpula do G20 em Istambul. Lula pretende propor mecanismos para barrar sanções unilaterais e criar políticas de compensação aos países prejudicados por barreiras comerciais.
Com esse posicionamento, Brasil e China assumem a liderança de uma frente diplomática que se contrapõe ao eixo Estados Unidos–União Europeia. Ambos os países articulam reformas profundas em instituições como o FMI e a OMC para tornar o sistema global mais representativo e equilibrado.
Agronegócio, BRICS e o fator Trump
A posição de Lula encontra apoio em setores do agronegócio, já que a China é o maior destino das exportações brasileiras. O estreitamento de laços pode garantir estabilidade comercial e abertura para novos acordos bilaterais.
No entanto, a postura também pode gerar reação dos Estados Unidos, especialmente caso Trump retorne à Casa Branca. A retórica agressiva do republicano contra a China, somada ao seu histórico protecionista, gera preocupação em setores industriais e financeiros do Brasil.
perguntas e respostas
Porque ambos veem as tarifas unilaterais e sanções econômicas impostas por Trump como práticas de “bullying econômico” e hegemonismo. Eles rejeitam o uso da força econômica para pressionar países soberanos e defendem uma ordem mundial baseada no multilateralismo, na cooperação e no respeito entre as nações. A crítica antecipa o possível retorno de Trump à presidência dos EUA.
O alinhamento pode tensionar as relações com os Estados Unidos, especialmente se Donald Trump vencer as eleições. Há risco de retaliações comerciais e afastamento diplomático. Porém, o governo brasileiro tenta manter um posicionamento equilibrado, criticando ações específicas sem romper o diálogo institucional com Washington.
Setores como o agronegócio brasileiro, que tem na China seu principal comprador, ganham previsibilidade e oportunidades de novos acordos. A diplomacia brasileira também ganha protagonismo em fóruns internacionais. Já a China amplia sua influência estratégica na América Latina, fortalecendo seu papel como contraponto ao eixo EUA–Europa.