A Comissão de Transparência do Senado virou palco de embate direto entre o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (representado pelo secretário-executivo Wolney Queiroz), e o senador Sergio Moro (União-PR), durante audiência pública sobre as fraudes bilionárias identificadas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A discussão expôs não apenas divergências sobre a condução do caso, mas também tensões políticas entre o governo Lula e membros da oposição.
Disputa por responsabilidade marca audiência tensa
Sergio Moro questionou a conduta de Wolney Queiroz à frente da pasta, cobrando explicações sobre os descontos associativos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas nos últimos anos. O ministro, por sua vez, devolveu a crítica lembrando que as denúncias iniciais foram feitas em 2020, quando Moro era ministro da Justiça no governo Bolsonaro. “Essas denúncias foram feitas em 2020. Parece que Vossa Excelência era o ministro da Justiça nessa época. Fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”, provocou Queiroz.
Moro rebateu, negando ter tido conhecimento dos relatos à época. “Esses fatos nunca foram informados a mim como foram informados a Vossa Excelência em 2023. Quem se omitiu foi Vossa Excelência”, declarou o senador, em tom de enfrentamento. O clima da audiência escancarou o uso político das investigações, com acusações de omissão e falhas institucionais em diferentes gestões.
R$ 6 bilhões em descontos indevidos: foco da I e da PF
A operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2025, investiga a atuação de sindicatos e entidades associativas que, segundo os órgãos de controle, cobraram valores indevidos de aposentados por meio de descontos não autorizados em benefícios. O prejuízo estimado a de R$ 6 bilhões entre os anos de 2019 e 2024.
O escândalo colocou em xeque a fiscalização do INSS e aumentou a pressão sobre os gestores públicos envolvidos. A Controladoria-Geral da União também participa das apurações e acompanha o avanço dos processos istrativos e judiciais contra as instituições envolvidas.
Conflito escancara uso político da pauta previdenciária
A troca de acusações entre Moro e Queiroz mostra como o tema previdenciário, historicamente sensível, se tornou terreno de disputa política. Enquanto o governo tenta se posicionar como responsável pela investigação, a oposição pressiona para responsabilizar a atual gestão por eventuais omissões. A I das Associações no INSS deve ampliar as discussões nas próximas semanas, com novos depoimentos já convocados.
Perguntas e Respostas
A troca de acusações sobre quem se omitiu diante das denúncias de fraudes no INSS.
Investigar descontos indevidos em benefícios de aposentados, aplicados por sindicatos e associações, com prejuízo estimado em R$ 6 bilhões.
Não. O ministro defende que foi a atual gestão que acionou a Polícia Federal e deu andamento às investigações.