Um vídeo chamou atenção nas redes sociais e, rapidamente, viralizou. Nele, uma garotinha que chorava intensamente se acalma no instante em que recebe uma nota de dinheiro. No entanto, o que realmente surpreende é o que vem depois: sem hesitar, ela olha para o pai e pede mais. A naturalidade da cena, embora divertida, levanta uma série de reflexões sobre a relação precoce das crianças com o dinheiro e os impactos disso no desenvolvimento emocional.
Desde cedo, as crianças absorvem o simbolismo do dinheiro
À primeira vista, pode parecer apenas um gesto espontâneo. No entanto, especialistas alertam que, cada vez mais cedo, crianças estão entendendo o valor simbólico do dinheiro. Ou seja, mesmo sem compreender conceitos econômicos, elas percebem que o dinheiro funciona como uma chave para conseguir o que querem. Isso ocorre, sobretudo, por meio da observação do comportamento dos adultos, que frequentemente usam o dinheiro como ferramenta de troca, recompensa ou distração.
Quando o dinheiro substitui o afeto: um risco invisível
Consequentemente, muitos pais acabam oferecendo dinheiro ou presentes como forma de silenciar emoções negativas dos filhos. Embora essa estratégia pareça eficaz no momento, ela traz riscos para o futuro. De acordo com a psicóloga Camila Ferraz, esse tipo de atitude ensina à criança que sentimentos desconfortáveis devem ser anulados com bens materiais. Portanto, ao invés de aprender a lidar com frustrações, ela busca compensações externas. Com o tempo, isso pode comprometer o desenvolvimento da inteligência emocional.
Gratificação instantânea molda a nova geração
Além disso, a cultura digital intensifica essa tendência. Hoje, plataformas entregam estímulos imediatos: vídeos curtos, jogos com recompensas e curtidas constantes. Dessa forma, o cérebro se condiciona a esperar gratificações rápidas e frequentes. Assim, a cena da garotinha vai além da curiosidade. Ela se transforma em um reflexo de uma geração que relaciona bem-estar com consumo e que, frequentemente, aprende a negociar emoções em troca de recompensas tangíveis.
Perguntas frequentes
Porque ela observa os adultos usarem o dinheiro como ferramenta de controle.
Isso pode limitar a autonomia emocional e dificultar a gestão de frustrações.
Ao oferecer dinheiro para “acalmar”, os pais associam afeto e consumo de forma equivocada.