A cena no Acampamento Terra Livre em Brasília desta semana não ou despercebida: entre as lideranças indígenas, destacava-se a figura emblemática da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Sua presença no maior evento de mobilização indígena do país não foi apenas simbólica – marcou um encontro histórico entre duas das frentes mais combativas da luta por direitos no Brasil contemporâneo. Mas o que realmente significa essa aproximação entre a primeira deputada trans eleita no país e o movimento indígena?
Erika Hilton e a interseccionalidade das lutas sociais
A participação ativa de Erika Hilton no Acampamento Terra Livre não foi mero ato de apoio. A deputada, conhecida por seu ativismo incisivo, colocou seu mandato a serviço da causa indígena de forma prática. Durante o evento, destacou as conexões entre a violência contra populações originárias e a LGBTfobia estrutural, apontando para um inimigo comum: o conservadorismo que domina as instituições. “Quando o Congresso ataca indígenas e ataca a população LGBTQIA+, está usando a mesma lógica de extermínio”, afirmou Hilton em seu discurso. A fala ecoa dados preocupantes: tanto indígenas quanto pessoas trans estão entre os grupos mais vulneráveis à violência no Brasil.

O impacto político de uma aliança inédita
Analistas apontam que a aproximação entre Erika Hilton e lideranças indígenas como Célia Xakriaba representa uma mudança estratégica na oposição. Juntas, essas vozes formam uma frente ampla capaz de desafiar a bancada ruralista e os setores conservadores no Congresso. A deputada levou para o acampamento não só sua visibilidade, mas também a expertise em pressionar o Legislativo. Seu conhecimento em manobras parlamentares pode ser crucial para pautas indígenas que estão emperradas na Câmara, como a demarcação de terras.
Os riscos e oportunidades para ambos os lados
A aliança não é sem riscos. Setores mais tradicionais do movimento indígena podem ver com ressalvas a aproximação com pautas identitárias urbanas. Por outro lado, Erika Hilton enfrenta críticas de parte de sua base por “diluir” a agenda LGBTQIA+. No entanto, a economia política dessa parceria é clara: unidos, indígenas e movimento LGBTQIA+ representam um contingente significativo do eleitorado progressista. Em um ano eleitoral municipal, essa coalizão pode definir resultados em capitais importantes.
Perguntas que ficam no ar
1. Por que a presença de Erika Hilton foi tão significativa?
Como figura pública trans de grande visibilidade, sua participação trouxe holofotes nacionais para a causa indígena.
2. Essa aliança pode mudar o jogo no Congresso?
Sim, pois une duas bancadas com capacidade de mobilização social e midiática.
3. Qual o próximo o dessa parceria?
A expectativa é que resulte em projetos conjuntos sobre direitos territoriais e combate à violência contra minorias.
A imagem de Erika Hilton ao lado de lideranças indígenas no gramado do Congresso pode ter marcado o nascimento de uma nova força política no país. Enquanto isso, nas redes sociais, a hastag #HiltonPelaTerraLivre já viraliza, mostrando que a deputada sabe transformar gestos em narrativas poderosas. Resta saber se essa união conseguirá traduzir simbolismo em conquistas concretas nos plenários.