O Brasil registrou uma queda de 32,4% no desmatamento em 2024, em comparação ao ano anterior, segundo dados do Relatório Anual do Desmatamento (RAD), publicado nesta quinta-feira (15) pela iniciativa MapBiomas. É a primeira vez que os seis biomas brasileiros apresentaram redução simultânea desde o início do monitoramento, em 2019. Apesar disso, o país ainda perdeu 12.420 km² de vegetação nativa — um dado que mantém o debate sobre a sustentabilidade das políticas ambientais brasileiras em evidência.
Cerrado lidera destruição e coloca em xeque esforços federais
O Cerrado concentrou 52% do desmatamento no Brasil em 2024, mesmo com uma queda de 41,2% em relação a 2023. A perda de 6.521 km² expõe a pressão constante sobre o bioma, que abriga nascentes de rios e grande biodiversidade. A situação exige do governo ações mais firmes de proteção e recuperação.
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Terras Indígenas mostram eficácia contra a devastação
O relatório também revelou que, em 67% das Terras Indígenas, não houve nenhum registro de desmatamento em 2024. A proteção desses territórios reforça seu papel estratégico na contenção da degradação ambiental. As áreas indígenas, frequentemente ameaçadas por grilagem e exploração ilegal de recursos, funcionam como barreiras naturais ao avanço do desmatamento e fortalecem os argumentos de lideranças e especialistas que defendem a demarcação como política climática.
Desmatamento, crise climática e omissão política
Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, evitou classificar os resultados como satisfatórios diante da crise climática em curso. Segundo ele, a redução nas taxas significa menos emissões de gases de efeito estufa, mas ainda não representa uma reversão estrutural da lógica de expansão predatória. Ele destacou que o RAD observa dados objetivos, sem emitir juízo de valor, mas reforçou que o desmatamento menor é, por si só, benéfico ao clima global.
Perguntas e Respostas
Não. A queda é positiva, mas o volume de perda ainda é alto diante da urgência climática.
Por causa da expansão do agronegócio, da pressão fundiária e da ausência de políticas específicas para sua proteção.
Elas funcionam como áreas de proteção efetiva contra o avanço do desmatamento, reforçando sua importância estratégica.