Policiais militares do 9° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, divulgaram um vídeo institucional que rapidamente despertou controvérsia. A gravação, que foi publicada e apagada em poucos minutos, mostra 14 policiais posicionados diante de uma cruz em chamas, com elementos visuais que remetem a rituais de grupos extremistas. Ainda que o conteúdo não inclua símbolos explícitos de ódio, a estética utilizada provocou questionamentos imediatos.
Vídeo usou fogo e símbolos que despertam associações perigosas
Desde o início da gravação, o espectador é conduzido por uma narrativa visual forte. Imagens aéreas, trilha sonora dramática, bandeiras da corporação e viaturas com luzes ligadas compõem o cenário. Ao fundo, a palavra “Baep” aparece em chamas, enquanto os policiais permanecem imóveis diante da cruz pegando fogo. Embora o vídeo não traga declarações verbais ou bandeiras de cunho ideológico, o uso da simbologia causou desconforto.
Por consequência, internautas compararam a cena com os rituais da Ku Klux Klan, grupo supremacista branco norte-americano. De acordo com especialistas em segurança pública, o uso simbólico equivocado por agentes do Estado pode gerar interpretações perigosas, mesmo quando não há intenção explícita. “A comunicação institucional deve reforçar valores democráticos, e não abrir margem para ambiguidade”, afirmou um professor da Universidade de São Paulo.
Falta de explicações oficiais aumenta a tensão pública
Enquanto o vídeo segue circulando em redes paralelas, como X e WhatsApp, nem o Baep nem a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo emitiram qualquer posicionamento. Conforme apuração do Metrópoles, o comando do batalhão já foi cobrado internamente, mas preferiu manter silêncio até o momento. Isso, por sua vez, contribuiu para ampliar a suspeita pública e a sensação de desinformação.
Além disso, a ausência de nota oficial levanta dúvidas sobre a gestão de crises dentro da corporação. Instituições públicas, principalmente as ligadas à segurança, precisam agir com transparência e agilidade diante de situações que afetam sua imagem e legitimidade.
Comunicação institucional exige responsabilidade e clareza simbólica
Por fim, o episódio revela a urgência de revisar os protocolos de comunicação visual das forças de segurança. Em tempos de polarização social, todo gesto simbólico carrega peso político e cultural. Portanto, a escolha por cruzes em chamas, ainda que em um contexto fictício, exige reflexão. As instituições policiais não apenas representam o Estado, como também são guardiãs da ordem democrática. Assim, precisam zelar pela clareza das mensagens que divulgam ao público.
Perguntas frequentes
Sim. Símbolos ambíguos podem gerar medo e reforçar interpretações extremistas.
Sim. O silêncio institucional alimenta dúvidas e reduz a credibilidade da corporação.
A comunicação deve ser clara, respeitosa aos direitos humanos e livre de ambiguidades.